terça-feira, 6 de agosto de 2013

"Agenda eleitoral". Por Merval Pereira


A denúncia de formação de um cartel nas licitações de obras do metrô em São Paulo desde a gestão do governador Mario Covas colocou na agenda eleitoral um obstáculo importante para o PSDB. Os principais caciques do partido estão sendo atingidos pelas denúncias, que cobririam os governos Covas, Alckmin e José Serra.

As duas principais seções regionais do partido terão que enfrentar acusações de corrupção no decorrer da campanha, com o provável julgamento da atuação do lobista Marcos Valério na eleição para governador de Minas Gerais em 2006, que atinge diretamente o então presidente do partido, hoje deputado federal Eduardo Azeredo, no que ficou conhecido como “o mensalão tucano”.

A denúncia de cartel partiu da multinacional alemã Siemens, que teria apresentado provas às autoridades do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), num acordo de leniência que preservaria a empresa de punições. Por enquanto, a investigação se limita a manobras ilegais de diversas empresas para evitar concorrências nas licitações, sem que o aspecto criminal esteja em pauta, pois essa não é a função do Cade.

Mas o Ministério Público de São Paulo estaria oferecendo o benefício da delação premiada para que funcionários da empresa alemã denunciem as autoridades que teriam recebido propinas nesse período. É muito provável que não tenha havido apenas combinações entre as empresas, como o governador Geraldo Alckmin trata o assunto, mas corrupção envolvendo secretários de Estado, presidentes e diretores de estatais.

O secretário de Transportes do governo Covas, Cláudio de Senna Frederico, diz que não soube do cartel, mas fez um adendo preocupante: “Não me lembro de ter acontecido uma licitação, de fato, competitiva.” Ele tentou explicar que essas licitações envolvendo grandes obras e empresas multinacionais geralmente são combinadas no mundo inteiro, mas essa não é uma desculpa aceitável de uma autoridade pública.

O pior dos mundos para a democracia seria ficar provado o que os petistas chapas-brancas já dão como certo nos blogs e noticiários oficiais: que o esquema seria uma espécie de irrigação permanente de dinheiro ilegal para as campanhas eleitorais dos tucanos desde o governo Covas.


Leia a íntegra no blog: http://goo.gl/KNwo3N

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